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Luís Filipe Rodrigues

Luís Filipe Rodrigues

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Arctic Monkeys e mais concertos que não pode perder no NOS Alive

Arctic Monkeys e mais concertos que não pode perder no NOS Alive

É o maior festival do Verão português. O que todos os anos monta mais palcos, recebe mais melómanos e amontoa mais nomes no cartaz. A edição deste ano tem Red Hot Chili Peppers, Arctic Monkeys e Sam Smith como cabeças de cartaz, mas há uma série de nomes umas linhas abaixo que merecem ouvidos atentos. Do reencontro entre Kelman Duran e Pedro da Linha, no primeiro dia, 6 de Julho, à cantora e modelo Rina Sawayama, no último, dia 8, passando pelos IDLES ou a portuguesa Rita Onofre, apontamos o que tem mesmo de ver. Recomendado: Os melhores concertos em Lisboa esta semana

O dia-a-dia nos Jardins do Marquês

O dia-a-dia nos Jardins do Marquês

É já na terça-feira, 27 de Junho, que o Festival Jardins do Marquês – Oeiras Valley volta a animar o terreno que lhe dá o nome, com Michael Bolton no topo do cartaz. Os concertos sucedem-se, noite após noite, até ao próximo domingo, 2 de Julho. Depois de um par de dias de descanso, o festival regressa para terminar logo a seguir a 5 de Julho, com Joss Stone como atracção principal. Estes são os espectáculos com que pode contar em cada dia. Recomendado: A Filho Único continua a fazer-nos sonhar com as Noites de Verão

Mais um ‘Zelda’, mais uma obra-prima

Mais um ‘Zelda’, mais uma obra-prima

★★★★★ Há quem considere The Legend of Zelda: Breath of The Wild, lançado em 2017, juntamente com a Switch, o melhor videojogo de sempre – recentemente, ficou em primeiro numa lista publicada pela GQ e votada por críticos, criadores e outras sumidades do sector. A escolha é discutível, mas ninguém discute que é o melhor e mais influente jogo da década passada. Evita dar-nos a mão, deixa-nos cometer erros, privilegia a liberdade. Larga-nos num vasto mundo aberto e deixa-nos ir à nossa vida. The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom faz o mesmo. E fá-lo mais e melhor. Não se pode fazer maior elogio a um jogo. Esta é também a maior crítica que se pode fazer a Tears of the Kingdom. É superlativo, mas sucedâneo; enquanto o clássico de 2017 sublimava o conceito de aventura em mundo aberto, mantendo o fundamental, abdicando do supérfluo, e introduzindo suficientes novidades para se poder falar numa nova linhagem de clones e aventuras pós-Breath of the Wild. Ao mesmo tempo, reimaginava o que podia e devia ser um título da franquia, cortando com o passado e quebrando regras escritas e não-escritas. Já esta continuação não só se mantém colada à fórmula anterior, como recupera velhas ideias que haviam sido descartadas em 2017, retomando e forçando o diálogo com o passado da série. A história passa-se algum tempo depois do final do anterior capítulo, com a princesa Zelda e o protagonista Link a explorarem uma rede de cavernas subterrâneas, mesmo por baixo do castelo de Hyrule, a meta e o

Cláudia Pascoal: “Sinto que este é o meu primeiro álbum”

Cláudia Pascoal: “Sinto que este é o meu primeiro álbum”

Cláudia Pascoal estava entusiasmada. Ia editar o primeiro disco a solo passados poucos dias, e imaginava-se a partilhá-lo com os fãs ao vivo. Era a primeira vez que falávamos e cada palavra que saía da sua boca parecia vir acompanhada por um ponto de exclamação, como aquele que dava nome ao disco. Estávamos na primeira quinzena de Março de 2020. Não imaginávamos o que nos esperava. Ela, em particular, não imaginava que só pudesse tocar ao vivo meses mais tarde e num mundo estranho, onde as distâncias tinham de ser medidas e respeitadas e não se conseguia perceber como as pessoas estavam a reagir às canções por trás das máscaras. Não nos admiramos, por isso, quando diz que lhe parece que só agora é que vai lançar o primeiro álbum – a 19 de Maio chega às lojas e plataformas de streaming e pouco depois, a 24, apresenta-o ao vivo no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Os últimos anos foram meio irreais. “Só agora é que estou a descobrir como é lançar um disco e tocar as canções novas em concerto. Porque no primeiro álbum havia uns reposts e umas stories, mas não tinha mesmo a reacção visual das pessoas. De certa forma até sinto que este é o meu primeiro álbum, porque agora é que estou a sentir este universo.” Percebe-se. Ainda por cima, segundo ela, o novo !! (diz-se “dois pontos de exclamação”) é de certa forma “a continuaçã do primeiro [!, 2020]”. É, também, o primeiro disco que é verdadeiramente dela. No anterior, a maior parte das canções a que emprestou a voz tinham sido escritas

Cláudia Pascoal: “Cresci imenso nos últimos dois anos”

Cláudia Pascoal: “Cresci imenso nos últimos dois anos”

O primeiro disco de Cláudia Pascoal chama-se apenas ! – sim, um ponto de exclamação. Pode parecer estranho, mas quando se fala com a jovem cantora percebe-se que o título é apropriado. Ou pelo menos é um bom reflexo do que ela é, e era essa a intenção. As frases saem-lhe depressa, diz as mais pequenas coisas com grande energia e convicção. Antes da edição do álbum, que chegou às lojas a 27 de Março, trocámos dois dedos de conversa. Vou começar com uma pergunta fácil: como se lê aquele título?Eh pá, não se lê. Então o que chamo ao disco?Não sei bem. Ainda estou no processo de perceber como é que vou comunicar isto. Mas não queria mesmo que o título fosse só um nome, uma referência. Queria que fosse um statement e um reflexo de quem sou. E achei que um ponto de exclamação seria exactamente isso. Os !!! dizem que o nome deles se lê Chk Chk Chk. Podes fazer o mesmo: dizer que o ponto de exclamação quer dizer outra coisa qualquer.Talvez. Posso pegar no meu bonequinho amarelo… Não sei se sabes do que estou a falar. Não faço ideia.Nas redes sociais tenho uma espécie de amigo imaginário que é o blah, um bonequinho amarelo. Aliás, era para ser esse mesmo nome do álbum, mas achei que seria demasiado parvo. Mas agora se calhar vou começar a dizer que o ! se pronuncia “blah”. Parece-me bem. Quando começaste a trabalhar nestas canções e no disco?Durante a Eurovisão. Passei muitas noites sozinha no hotel e comecei a escrever algumas canções. Pouco depois a Universal convidou-me para criar

Built To Spill e mais nove concertos a não perder no Primavera Sound

Built To Spill e mais nove concertos a não perder no Primavera Sound

O Primavera Sound Porto volta a trazer a Portugal algumas das bandas que tocam nas edições de Barcelona e Madrid, entre esta quarta-feira, 7, e sábado, 10 de Junho. Há ausências que custam a engolir (The Moldy Peaches, The Wedding Present, Yung Lean...), como é costume; ainda assim há muita música boa para ouvir. E porque o que distingue o Primavera Sound Porto de outros grandes festivais não são os cabeças de cartaz, olhámos para os nomes escritos em letras mais pequenas e escolhemos dez concertos a não perder, do regresso de The Comet Is Coming à reunião dos Karate. Recomendado: A música sem fronteiras de Rosalía está prestes a ouvir-se entre nós

Pedro Mafama: “Não estou a levar demasiado a sério a felicidade”

Pedro Mafama: “Não estou a levar demasiado a sério a felicidade”

Num dia normal, descer a Rua do Salvador, ali entre a Graça e Alfama, e chegar ao Centro Cultural Dr. Magalhães Lima leva menos de um minuto. Mas, nesta quinta-feira de Verão em Maio, já com os bairros típicos vestidos a rigor para os Santos Populares, vai demorar dez minutos. A culpa é de uma carrinha de caixa aberta, que transporta precariamente uma estrutura metálica pela estreita via. É um exercício arriscado, mas que precisa de ser feito. A Marcha de Alfama a tanto obriga. É ela que nos traz ao Magalhães Lima. Pedro Mafama compôs o hino que este ano vão levar à Avenida da Liberdade, e decidimos encontrar-nos aqui para falar sobre isso. E também sobre o seu segundo álbum, Estava No Abismo Mas Dei Um Passo Em Frente, acabado de editar. E sobre os bailaricos onde vai apresentá-lo em Junho (quarta-feira, 7, no Arraial do Centro Cultural Dr. Magalhães Lima, em Lisboa, e sexta-feira, 23, no Arraial Guindalense Futebol Clube, no Porto); e até sobre a sua relação com Alfama e com a Graça, bairros que conhece como a palma da mão. Pedro Simões, 30 anos, o homem que conhecemos como Mafama, abre a porta do Magalhães Lima. Conhece o sítio há muitos anos, mas nos últimos tempos estreitou a relação com esta instituição lisboeta: é onde ensaia a Marcha de Alfama e é onde a fotografia que abrilhanta a capa do novo disco foi tirada. A capa de Pedro da Silva tem várias camadas: há uma fotografia do cantor acompanhado por dois amigos de infância, bem no meio de um bolo de pasteleiro à antig

Cave Story: “Esta música só podia ser feita aqui”

Cave Story: “Esta música só podia ser feita aqui”

Os Cave Story são um bando à parte. Formados à margem das cenas de Lisboa e do eixo Porto-Barcelos e liderados desde a primeira hora pelo polivalente músico, cantor e produtor Gonçalo Formiga (um de dois resistentes das primeiras Demos, de 2013, a par do baterista Ricardo Mendes), há dez anos que trilham o seu próprio caminho, com um som e uma série de influências que os separam dos seus pares. Os Pavement e The Fall são referências imediatas, também The Feelies e os Modern Lovers – cujo Jonathan Richman deu o nome ao seu primeiro single – ou, noutro contínuo, os Flipper, os Texas Is The Reason, até os Cursive. As suas guitarras ora estrebucham, ora serenam, tão depressa são angulosas como desenham círculos perfeitos; a secção rítmica segura as canções e abrilhanta as melodias; as letras são do mais inspirado e inspirador que neste país se escreve em inglês. E nunca soaram tão bem, tão seguros de si, como no mais recente álbum, Wide Wall, Tree Tall, que vão finalmente apresentar ao vivo, na cidade onde vivem, a 18 de Maio, no B.Leza. Apesar de hoje morarem em Lisboa (ou pelo menos nas suas margens), e de serem uma parte importante do mosaico cultural da cidade, nem sempre foi assim. Antes de terem estabelecido ligações com bandas e projectos como os Sun Blossoms (cujo Alexandre Fernandes toca com Ricardo nos Hisou e Black Moss), os Veenho (atenção ao álbum de estreia, Lofizera, onde Gonçalo desempenha um papel ainda mais proeminente do que no EP VEEENHO, que produziu e tocou

Cantar Abril: uma dúzia de canções revolucionárias

Cantar Abril: uma dúzia de canções revolucionárias

Nos dias que o antecedem e no próprio 25 de Abril, voltam a multiplicar-se as festas e concertos em Lisboa e arredores com repertório revolucionário. À boleia desses espectáculos, escolhemos algumas das mais marcantes canções revolucionárias portuguesas de antes (como a “Grândola, Vila Morena” de José Afonso ou a “Trova do Vento Que Passa”, pela voz de Adriano Correia de Oliveira) e depois (no caso, por exemplo, de “A Cantiga É Uma Arma” do GAC) do 25 de Abril de 1974. É a playlist perfeita para celebrar e gritar: 25 de Abril sempre! Recomendado: Ideias para celebrar o 25 de Abril

As melhores esplanadas para beber uma cerveja artesanal em Lisboa

As melhores esplanadas para beber uma cerveja artesanal em Lisboa

Há quase uma década, a cerveja artesanal tomou a cidade de assalto e hoje já não vivemos sem ela. Prova disso é a quantidade de bares que lhe dão protagonismo. E se uma cerveja é boa por si só, nestes dias soalheiros não há nada melhor do que bebê-la com os amigos (ou até sozinho) ao ar livre, numa esplanada agradável. Por isso, se quer aproveitar o sol na companhia de um néctar de lúpulo e malte, aprenda com esta lista onde se deve sentar a beber uma cerveja artesanal em Lisboa. Recomendado: Os novos bares em Lisboa que tem mesmo de conhecer

Luís Varatojo: “Querem levar-nos de volta para o século XIX”

Luís Varatojo: “Querem levar-nos de volta para o século XIX”

“Como é que estás a aguentar mais esta crise?” É a primeira pergunta, uma entrada a pés juntos. “Como todos estamos”, responde Luís Varatojo. Ou seja, mal. Por causa do aumento dos juros do empréstimo à habitação; dos preços pornográficos dos combustíveis; dos bens essenciais com margens de lucro obscenas; do capitalismo a funcionar. É por isso que um disco como Defesa Pessoal, o segundo desta Luta Livre, soa tão bem. Porque ao longo das suas dez canções nos sentimos representados. Estamos mal, repita-se. E ele não tem medo de dizer porquê. Este homem nunca foi medroso. Desde a década de 1980 que deixa a sua marca no panorama musical português, indiferente ao que pensam dele, aparentemente guiado apenas por aquilo que parece interessar-lhe em cada momento. Seja o punk rock dos Peste & Sida ou o ska bonacheirão dos Despe e Siga; a renovação das músicas populares portuguesas com João Aguardela (Sitiados) na Linha da Frente e n’A Naifa ou o seu trabalho com os Fandango; e mais recentemente as canções de protesto desta Luta Livre. Ouvi-lo é ouvir a verdade. É escutar alguém que não está aqui para nos enganar, mas para “animar a malta”, brinca. Também para nos “fazer pensar”. E para nos “ajudar a formar alguma consciência colectiva, porque sozinhos não conseguimos mudar nada – mas juntos talvez o consigamos”. É raro ouvir alguém falar assim, seja na esplanada de um café ou numa canção. É isso que faz de um álbum como este Defesa Pessoal um objecto precioso. Desde o início deste sé

Os mortos-vivos perseguem-nos. O passado persegue ‘Resident Evil 4’

Os mortos-vivos perseguem-nos. O passado persegue ‘Resident Evil 4’

★★★★☆ Resident Evil 4 é um jogo absolutamente seminal. Enquanto o primeiro título da franquia introduziu as bases e conceitos sobre as quais se ergueram posteriores séries de terror e sobrevivência – criando um novo género, pelo caminho –, o quarto, lançado originalmente em 2005, no GameCube da Nintendo, alargou substancialmente as fronteiras e o potencial ludonarrativo deste mesmo género. E influenciou inúmeros outros jogos de tiros e de acção, com os seus controlos fluídos e perspectiva na terceira pessoa. Jogá-lo hoje é perceber que, tirando os modelos dos personagens, as texturas dos cenários e outros artefactos visuais um pouco datados, a experiência não perdeu a sua frescura e actualidade. É por isso que, ao longo destas quase duas décadas, o clássico de 2005 foi reeditado, com muito ligeiras alterações, na generalidade das consolas domésticas, da PlayStation 2 (PS2) à PS4 e à Xbox One. E ainda hoje é possível adquirir essas edições nas lojas online da Switch, PlayStation e Xbox. Não obstante, é também por isso que este novo remake, já disponível no PC, na PS4, na PS5 e na Xbox Series X/S, pode ser considerado supérfluo.  Experienciar hoje as versões originais dos dois anteriores números da franquia é muito diferente de jogá-los quando saíram, já que não só a tecnologia evoluiu como o que esperamos de um videojogo mudou (e de que maneira), e os respectivos remakes, lançados pela Capcom em anos recentes, são uma excelente forma de os trazer para o presente. Com muitas e

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Lisboa Games Week

Lisboa Games Week

Três anos depois da última edição física, o Lisboa Games Week volta a ocupar os pavilhões da FIL, no Parque das Nações, entre 17 e 20 de Novembro. Ao longo destes quatro dias, no maior evento de videojogos do país, vai ser possível experimentar e conhecer novos títulos e plataformas de jogos, desde consolas e simuladores de realidade virtual a computadores e telemóveis; mas também experimentar máquinas de arcada vintage e consolas retro.  Os e-sports voltam a ser um dos principais focos da programação, com várias competições a disputarem-se no recinto. Continua também a haver espaço para o cosplay e a cultura pop, com espectáculos de wrestling, bancas de artistas independentes, merchandising e sessões de autógrafos. Há ainda conferências e uma aposta no serviço educativo, para levar os videojogos ao maior número de pessoas. E o maior número de pessoas à FIL.

Sortidos MIL

Sortidos MIL

Ainda falta mais de meio ano para a próxima edição do MIL. Mas, para assinalar o início das candidaturas de artistas para o festival de 2020, o Musicbox decidiu fazer uma espécie de MIL em ponto pequeno, com artistas emergentes do continente europeu. A primeira a subir ao palco, no sábado, será a harpista portuguesa Carolina Caramujo (na foto), que se encontra a gravar o primeiro álbum a solo, com lançamento previsto para Novembro. Segue-se a cantora e compositora indie catalã Núria Graham, que editou em 2017 o disco Does it Ring a Bell? por El Segell del Primavera. Depois é a vez de GENTS, duo dinamarquês de synthpop romântica e nostalgica, cujo novo álgum Humam Connection, deve sair a 11 de Outubro. O último concerto da noite é o de Kukla, cantora eslovena de turbo-pop. Depois há Dj sets de Dinamarca, que apesar do nome é chileno e vive na Suécia, e do português Progressivu.

Built To Spill

Built To Spill

Os Built to Spill ajudaram a definir e a expandir o som do indie rock americano nos anos 90. Liderados por Douglas G. Martsch, cantor, herói da guitarra, principal compositor e único membro permanente do grupo ao longo das décadas, gravaram temas que se tornaram clássicos da canção eléctrica americana e álbuns que mais parecem monumentos, cuja influência foi quase imediata e se continua a sentir. Discos como There’s Nothing Wrong With Love (1993) um disco de indie-pop de guitarras, áspero, conciso e com o coração na lapela, sem o qual os primeiros (e bons) trabalhos dos Death Cab For Cutie nunca teriam existido. Ou Perfect From Now On (1997), o terceiro álbum e o primeiro com o selo da multinacional Warner, com as suas canções paisagísticas e cordilheiras de guitarras que se confundiam com o mapa americano e nas quais escutávamos pontos de contacto com o que os contemporâneos Modest Mouse estavam a fazer. Ou Keep It Like A Secret (1999), o terceiro clássico consecutivo e combinação quase perfeita entre a abordagem mais directa do disco de 1993 com a epicidade do seu sucessor. É precisamente Keep It Like A Secret que ouviremos esta quarta-feira na Zé dos Bois, Um segredo mal guardado depois dos concertos de Oruã e Shaolin Soccer. Doug Martsch e companhia têm celebrado ao vivo os 20 anos do disco, e um dia antes de actuarem no NOS Primavera Sound trazem a Lisboa os segredos mal guardados que são as suas canções. Não faltará nenhuma. Desde clássicos indie efusivos como “The Plan

Ciclo Maternidade

Ciclo Maternidade

Vários artistas da Maternidade vão desfilar pelo palco do Auditório Municipal António Silva, no Cacém, entre sexta-feira e sábado: Filipe Sambado, Bejaflor, Catarina Branco, Aurora Pinho e Vaiapraia. O convite partiu do teatromosca, mas a promotora teve “carta branca” para fazer o que quisesse, garante o cantor e compositor Filipe Sambado. “Optámos por ter só concertos de bandas associadas à Maternidade porque nunca tocámos no Cacém. Nenhum de nós”, diz Rodrigo Araújo, vulgo Vaiapraia, outro dos mentores da agência. Desde finais de 2014 que a promotora Maternidade dá música a Lisboa e ao resto do país. Além de agenciar cantores como Luís Severo, Filipe Sambado e Vaiapraia, entre outros, teve durante muito tempo
uma mensalidade nas Damas, onde deu
a conhecer inúmeros e bons músicos independentes portugueses (chegou recentemente ao fim), e ao longo dos anos trouxe várias bandas estrangeiras a Portugal, em muitos casos pela primeira vez. No Ciclo Maternidade deste fim-de-semana, os concertos começam às quatro da tarde de sexta-feira, na estação ferroviária do Rossio, onde vai actuar a cantora/ compositora indie Catarina Branco, que editou o primeiro EP, ‘Tá Sol, este ano.
 O cantor e produtor de pop caseirinha e electrónica Bejaflor, que se estreou com um belo disco homónimo no ano passado, é o segundo a tocar, a partir das nove no Auditório Municipal António Silva. A noite termina com Filipe Sambado (na foto). “Naquele belo formato solo, muito comunicativo, de guitarra ao peito

Paião

Paião

João Pedro Coimbra, Nuno Figueiredo, Jorge Benvinda, Marlon e VIA são os Paião. E, como o nome sugere, interpretam canções escritas e cantadas por Carlos Paião, um dos maiores nomes da pop portuguesa da década de 80. Depois de um primeiro concerto, no ano passado, durante o Festival da Canção, e da edição de um CD, chamado apenas Paião, apresentam-se ao vivo no Capitólio.

José Pinhal Post-Mortem Experience/ Catarina Branco/ Sreya/ Japo

José Pinhal Post-Mortem Experience/ Catarina Branco/ Sreya/ Japo

Durante muito tempo, a Noite às Novas foi uma das bonitas noites (passe a redundância) da Zé dos Bois. Uma espécie de baile de debutantes em que artistas mais ou menos desconhecidos se davam a conhecer, e por onde ao longo dos anos passou uma legião de gente boa, de Norberto Lobo a Alek Rein ou a Sallim. Entretanto o nome caiu em desuso ali para os lados da rua da Barroca, apesar de a ZDB ter continuado a revelar novos valores e, ocasionalmente, até a juntá-los todos numa só sessão. É o que vai mais uma vez acontecer na sexta-feira. Porque, apesar de o velho nome não ser usado, a ideia é mais ou menos a mesma. Há a recriação do repertório de José Pinhal, nome mais ou menos desconhecido da música ligeira do Norte de Portugal, pela José Pinhal Post-Mortem Experience, que agrega músicos da Favela Discos e dos Equations, e recria o repertório do cantor com destreza e músculo, mas sem qualquer ironia. Pela primeira vez em Lisboa. Vai ouvir-se também a indie-pop caseirinha de Catarina Branco, que vai apresentar o EP de estreia acompanhada pela sua banda. E as canções pop fora do baralho e difíceis de compartimentar de Sreya, que já ouvimos em Lisboa em mais do que uma ocasião e cujo primeiro disco, Emocional, tem mão de Conan Osiris. Depois dos concertos, há um DJ set de JAPO, vulgo Menino da Mãe, vulgo Bernardo Bertrand, pronto para nos fazer dançar com a sua electrónica.

12 anos do Musicbox

12 anos do Musicbox

12 Anos. O número pode não ser redondo, mas não é por isso que o Musicbox não vai assinalar a data com a pompa do costume. As comemorações arrancam pelas 21.30 de quinta-feira, com a habitual entrega de presentes em forma de música gratuita. Neste caso, concertos de Pedro Mafama, cantor e produtor de uma música portuguesa difícil de delimitar, com tanto fado como hip-hop; do duo Môrus, de Alexandre Moniz e Jorge Barata; e dos Sunflowers (na foto), banda portuense de garage-punk com tensão psicadélica. Segue-se, à meia-noite e meia de quinta para sexta-feira, o ponto alto das festividades, a estreia em território nacional de Ms Nina, nome de proa do perreo espanhol, a trabalhar nos campos do trap e do reggaeton mais liberto e futurista. No país aqui ao lado, anda há uns anos a meter o público a dançar com a sua música sugestiva e abertamente sexualizada, mas positiva, questionando ideias heteronormativas de género e domínio. O regresso aos palcos dos Sensible Soccers, agora com uma nova formação, está marcado para sexta-feira. A banda portuguesa vai mostrar as novas composições a incluir num eventual sucessor de Villa Soledade, álbum de 2016 que sintetiza com mestria a vastidão electrónica, ensinamentos krautrock e a synthpop oitentista. Conhecendo o historial deles, o mais certo é vir aí coisa boa. Depois do concerto dos Sensible Soccers, na sexta-feira, a festa continua com Nuno Lopes, sem dúvida o melhor DJ português que também é um actor conhecido, e Dupplo, que é como que

Kiss/ Megadeth

Kiss/ Megadeth

Os Kiss são mais conhecidos do que a música que fazem. Gene Simmons, Paul Stanley e companhia – Tommy Thayer na guitarra e Eric Singer na bateria completam a actual formação, nos lugares e pinturas faciais dos históricos Ace Frehley e Peter Criss – andam nisto desde 1973 e são lendas do hard rock, todavia são mais as pessoas 
que reconhecem as suas caras maquilhadas, as vestes de cabedal e aquela língua do que as que conseguem trautear um par de canções deles. Parece estranho, mas é apenas o reflexo da maneira como a banda superou as limitações da sua música, de nicho, e se tornou uma instituição da cultura popular do Ocidente. Os autores de “I Was Made for Lovin’ You” (a mais conhecida canção dos Kiss, que nem sempre é tocada ao vivo) partilham o cartaz com os Megadeth, que garantiram ainda na década de 80 o seu lugar no pódio do thrash metal californiano e continuam aí para as curvas. Dystopia, de 2016, é o mais recente disco da banda de Dave Mustaine.

Meatbodies

Meatbodies

O nome de Chad Ubovich confunde-se com os Meatbodies, a banda que lidera e à qual já emprestou o nome. Confunde-se também com algum do melhor garage rock californiano dos últimos anos – antes dos Meatbodies, tocou na banda de Mikal Cronin e continua a acompanhar esse ícone garageiro que é Ty Segall, 
nos Fuzz. Mas concentremo-nos nos Meatbodies, que regressam ao MusicBox no sábado e no dia seguinte fazem das suas no festival Milhões de Festa. Editaram este ano Alice, álbum conceptual cuja lírica 
é indecifrável, mas cuja música não desilude: garage rock distorcido, com psicotrópicos à solta na corrente sanguínea. Tão violento como inspirador. Revigorante.

The Divine Comedy

The Divine Comedy

Entre os muitos que já tentaram fazer da música pop uma amálgama de ideias clássicas com sensibilidades modernas, poucos o conseguiram com a imaginação de Neil Hannon. A música dos seus Divine Comedy é um universo sumptuoso de pop orquestral enlaçada com destreza lírica. Mãos menos hábeis não saberiam conferir tanta elegância aos floreados teatrais que ornamentam a sua música, mas Neil Hannon é uma criatura rara, um compositor tão inteligente quanto galhofeiro. Foreverland, aventura-se no mundo romantizado da mundanidade, serpenteado por cordas e sopros. Louva a extraordinariedade dos quotidianos mais vulgares, pintados com referências históricas, melodias sensoriais, letras laboriosas e um coração pop sempre a palpitar. Com referências que vão desde Catarina, a Grande, à Legião Estrangeira Francesa, mas sem deixar de ser um álbum disfarçadamente autobiográfico sobre aquilo que vem depois do “felizes para sempre”. Mesmo quando escreve de forma mais dissimulada, autodepreciativa ou espirituosa, Neil Hannon só escreve canções de amor. É um romântico incurável, que se há-de fazer?

Night Lovell

Night Lovell

O prodigioso rapper e produtor canadiano Night Lovell estreia- -se ao vivo na Zé dos Bois mais perto do final do mês. Apresenta o álbum do ano passado, Red Teenage Melody.

Peixe: Avião

Peixe: Avião

Os Peixe: Avião reinventam-se de disco para disco. No mais recente, Peso Morto, lançado no princípio de 2016, aprofundam a subversão do formato canção tradicional. Para a semana tocam na Galeria Zé dos Bois.

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O festival Causa Efeito leva o novo jazz à Universidade Nova de Lisboa

O festival Causa Efeito leva o novo jazz à Universidade Nova de Lisboa

Pedro Costa é um dos principais divulgadores do jazz e da música improvisada actual, não só em Portugal, mas no mundo. Há 22 anos à frente da editora Clean Feed, organizou festivais em Nova Iorque e Chicago, no Porto e em Lisboa, editou novos talentos e nomes históricos do free jazz, mas não só, portugueses e estrangeiros. Na tarde de quarta-feira esteve na sala de esgrima do Campus de Campolide da Nova, a falar com Stewart Smith (The Wire), Guy Peters (Free Jazz Collective) e os investigadores Pedro Rôxo e Beatriz Nunes (também música) sobre o presente (e o futuro) do jazz. Foi o primeiro momento do festival Causa Efeito, que se prolonga até sábado. Integrado nas comemorações dos 50 anos da Universidade Nova de Lisboa, e programado pelo próprio Pedro Costa, o festival pode resumir-se a uma mesa redonda e 13 espectáculos de free jazz e música improsivada, incluindo quatro estreias mundiais e cinco em território nacional. O destaque desta quarta-feira é o concerto do contrabaixista Carlos Bica, que apresenta o álbum Playing With Beethoven a partir das 21.30, acompanhado por DJ Illvibe, no gira-discos, Daniel Erdmann, no saxofone tenor, e João Barradas, no acordeão. Antes, o virtuoso da tuba Sérgio Carolino toca o lusofone Lúcifer, com que gravou o disco Below 0, no ano passado. Duas estreias em Lisboa. No segundo dia, pelas 19.00, o auditório de Campolide recebe o projecto Abyss Mirrors, liderado pelo guitarrista Luís Lopes e composto por intérpretes de topo como Flak (guitarr

Ornatos Violeta regressam aos palcos no novo Oeiras Music Fest

Ornatos Violeta regressam aos palcos no novo Oeiras Music Fest

Há mais um festival para juntar à agenda estival: chama-se Oeiras Music Fest, realiza-se no Estádio Municipal de Oeiras a 15 e 16 de Agosto, e tem os Ornatos Violeta e Leo Santana no topo do cartaz. Os Ornatos têm passado os últimos anos a tocar de forma muito esporádica os velhos êxitos, mas o concerto de 15 de Agosto será especial, por ser o primeiro depois da morte do teclista Elísio Donas. O elenco do primeiro dia de festival inclui ainda Rui Veloso, essa velha glória da pop-rock nacional; o rapper e cantor português Julinho KSD; e a jovem fadista Diana Vilarinho, também portuguesa. No dia seguinte, o cantor e compositor brasileiro de música swingueira Leo Santana é o principal nome de um alinhamento onde se destacam ainda os seus compatriotas Treyce e Marvvila, além dos santomenses Calema e dos DJs Rich & Mendes, da RFM. Os bilhetes para o evento já se encontram à venda nos locais habituais. Custam entre 30€ e 70€. + Taylor Swift revisita as múltiplas eras da sua carreira em 2024 na Luz + A Filho Único continua a fazer-nos sonhar com as Noites de Verão

Omara Portuondo: “Vou morrer em palco. Nada mudou”

Omara Portuondo: “Vou morrer em palco. Nada mudou”

Omara Portuondo é um dos maiores nomes da cultura latina. Nascida em 1930 e dedicada à música desde a adolescência, a sua carreira precede e acompanha a revolução cubana. E, aos 92 anos, parece continuar de boa saúde, com um disco acabado de editar e planos para as próximas gravações. É por isso – e porque sempre disse que iria morrer em palco – que pode causar algum espanto ler que a sua próxima digressão por Portugal, que arranca a 1 de Julho Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco, passa pelo Coliseu Porto Ageas no dia 8, e termina no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 14, será a última. A despedida. Mas o plano mantém-se. “Vou morrer em palco”, garante, quando interrogada sobre o que mudou. “Nada cambiou. Uma digressão mundial de despedida não se faz num ano nem em dois, porque tenho de me despedir de muitos países. Espero morrer num desses palcos.” Desfeito o equívoco, não se fala mais de morte. Até porque o seu último disco é o oposto disso. Pausa: assim que ouve a palavra “último”, Omara mete este interlocutor na ordem. “Este não é o meu último disco. Tenho mais quatro guardados e gravados, para editar. E vou gravar mais um ainda este ano.” O mais recente disco, então, é o oposto disso, da morte. Chama-se Vida e é precisamente uma celebração da “vida e dos anos e anos de trabalho” de uma das grandes vozes do bolero, do feeling, do jazz e do son cubanos, que surge rodeada de novos e velhos amigos e cúmplices, numa série de duetos. “Colaborámos devido à paixão, respeito e

Taylor Swift revisita as múltiplas eras da sua carreira em 2024 na Luz

Taylor Swift revisita as múltiplas eras da sua carreira em 2024 na Luz

Taylor Swift devia ter-se estreado ao vivo em Portugal em 2020, à boleia do álbum Lover (2019). Pelas razões que todos sabemos, teve de cancelar o concerto, mas nunca deixou de trabalhar. Antes pelo contrário. Em 2020, lançou um par de álbuns meio folk, Folklore e Evermore, Em 2021, começou a regravar e reeditar os primeiros discos da sua carreira, na sequência de uma disputa contratual com a antiga editora. No ano passado, lançou mais um novo disco, Midnights. E este ano começou “The Eras Tour”, a mais ambiciosa da sua carreira – que em 2024 vai passar por Portugal. A estreia nacional da maior estrela pop da actualidade (perdoa, Beyoncé) está agora marcada para 24 de Maio do próximo ano, depois do final da época futebolística, no Estádio da Luz. O anúncio foi feito durante a tarde de terça-feira, 20 de Junho, nas redes sociais da cantora norte-americana, e confirmado pouco tempo depois pela promotora Last Tour, responsável também pelo festival MEO Kalorama, além de outros concertos e festivais de música em Espanha e na Colômbia. Os ingressos só serão colocados à venda a 12 de Julho, e ainda não se conhecem os preços, mas vai ser preciso fazer um registo online até ao fim da noite de sexta-feira, 23 de Junho, para haver sequer uma chance de comprá-los. A organização faz questão de sublinhar que "o registo não garante o acesso à venda ou aos bilhetes", uma vez que o mais provável é a procura ser muito superior ao número de lugares disponíveis no estádio do actual campeão portu

A Filho Único continua a fazer-nos sonhar com as Noites de Verão

A Filho Único continua a fazer-nos sonhar com as Noites de Verão

O objectivo e a ideia fundamental são os mesmos desde a primeira edição, em 2009: dar a conhecer boa música aos lisboetas, de graça e sem medo do novo. Porém, ao longo de sucessivas edições, muita coisa mudou. No ano passado, por exemplo, o programa das Noites de Verão incluiu uma instalação sonora inédita e estendeu-se por boa parte da cidade, entre Julho e Setembro. Este ano, sem o apoio da DGArtes, a associação Filho Único viu-se obrigada a conceber uma edição mais modesta e condensada; mas nem por isso menos brava, audiciosa e gratuita como sempre foi. O primeiro concerto destas Noites de Verão está marcado para as 19.30 de quinta-feira, 6 de Julho, no Jardim das Esculturas do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC), e o seu protagonista é Mohammad Reza Mortazavi, percussionista iraniano que leva a música tradicional persa para territórios próximos do trance – já o vimos em festivais do género – e do techno – o próximo disco vai ser editado pela editora-instituição electrónica berlinense Tresor. Um dia depois, o jardim das galerias Galeria Quadrum recebe MIKE, rapper e produtor de culto norte-americano. Na semana seguinte, a 13, o MNAC recebe Romeu Bairos, músico açoriano que passou pelo Hot Clube, concursos de talentos e o Festival da Canção, mas hoje se dedica a repensar e fazer suas as músicas tradicionais do arquipélago em que nasceu. E a 14, nas Galerias Quadrum, a Filho Único promove mais um encontro entre o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa e jo

Afinal havia outra (banda). Blur juntam-se ao MEO Kalorama

Afinal havia outra (banda). Blur juntam-se ao MEO Kalorama

Os reunidos Blur foram um dos nomes em destaque na edição deste ano do Primavera Sound Porto, que encerraram a 10 de Junho. A maioria pensava que ia ser a única oportunidade para os ver este ano em Portugal, só que não. Nem uma semana depois de anunciar, na passada terça-feira, 13, que The Prodigy e Lil Silva fechavam o cartaz do segundo MEO Kalorama, a organização vem agora anunciar que a histórica banda de britpop também passa por Lisboa, a 31 de Agosto. Não é a primeira vez que o MEO Kalorama revela que um dos principais nomes do Primavera Sound Porto também vem a Lisboa, poucos dias depois do final do concerto. Aconteceu no ano passado, com Nick Cave & The Bad Seeds. Repete-se agora com os Blur. Mas, se em 2022 os alinhamentos de ambos os espectáculos foram quase idênticos, é pouco provável que o mesmo aconteça este ano. O concerto de Lisboa realiza-se pouco mais de um mês depois da edição do nono e aguardado álbum dos Blur, The Ballad of Darren, a 21 de Julho, e é bem possível que a banda britânica queira apresentar essas canções na capital. Até porque é pouco provável que tenha muitas oportunidades para voltar a tocá-las ao vivo nos próximos anos. Pelo menos a julgar pelo que aconteceu no Porto, onde se ouviram quase exclusivamente canções feitas nos anos 90 – as únicas excepções foram um par de temas do próximo disco, com Think Tank e The Magic Whip ausentes do alinhamento. Os bilhetes para o último grande festival do Verão português, que este ano se realiza

A “disrupção virtuosa” do Festival de Sintra

A “disrupção virtuosa” do Festival de Sintra

Basta entrar no site do Festival de Sintra para perceber que algo mudou para aqueles lados. A nova identidade gráfica, concebida pela agência NOSSA, arrojada e com cores vivas, é uma lufada de ar fresco. E as boas surpresas continuam quando se olha para o programa desta 57.ª edição, que se realiza entre 15 e 25 de Junho. Os concertos de orquestras e ensembles de música erudita sucedem-se e preenchem o calendário, mas também há sessões de cinema, conversas com escritores, e até mesmo apresentações a solo de alguns dos mais interessantes nomes da música contemporânea e experimental portuguesa. O principal responsável por este facelift é o novo director artístico, Martim Sousa Tavares. Um filho dos 90s que, nos últimos anos, paralelamente ao seu trabalho como maestro e director da Orquestra Sem Fronteiras e, mais recentemente, da Orquestra Clássica do Sul, gravou um disco com os Capitão Fausto e organizou concertos no Lux Frágil, deu aulas, criou podcasts e programas de rádio e televisão – até foi júri de um concurso de talentos. É um homem da música clássica, e vai a Sintra ver concertos “desde que era adolescente” – destaca um recital de piano de Grigori Sokolov, talvez em 2007, que foi “fundamental para a [sua] relação com o piano”. No entanto, tem os horizontes abertos. Foi ele que concebeu o programa e, coordenado com o executivo municipal, pediu ajuda aos criativos da NOSSA. Martim garante, porém, que está apenas a executar a visão do presidente da Câmara Municipal de Sint

Os ‘Primeiros trabalhos’ de Patti Smith vão ser publicados pela primeira vez em Portugal

Os ‘Primeiros trabalhos’ de Patti Smith vão ser publicados pela primeira vez em Portugal

Patti Smith já tinha vários livros (e discos) editados quando, em 1994, a editora W. W. Norton & Co. publicou Early Work, uma colecção de textos escritos entre 1970 e 1979 e escolhidos por ela – um misto de inéditos, poemas que cantou e outros publicados em livros elevados a objectos de culto, como Babel, Ha! Ha! Houdini! (editado em Portugal pela &etc, em 1982) ou Witt (publicado cá pela Assírio & Alvim, um ano mais tarde). Mas só agora, quase três décadas após a edição norte-americana de Primeiros trabalhos: 1970-1979, o livro foi finalmente traduzido para português. O mérito é todo de cobramor. Foi o poeta, tradutor e editor que traduziu todos os textos e agora os lançou através da sua Traça, jovem editora de poesia desalinhada, especializada em edições limitadas e com um grafismo cuidado. Primeiros trabalhos: 1970-1979 é apenas o terceiro título que metem nas livrarias, depois de Sol Invicto, uma colecção de poemas do editor; e de A música está na minha cabeça, de Rafaela Jacinto. E o plano até era “a Patti Smith sair antes da Rafaela, mas não só a Rafaela trabalha rápido como o processo de compra dos direitos de autor foi moroso”, justifica. A Traça existe há menos de um ano, em parte para “servir de plataforma para autores marginais pelos mais diversos motivos”, defende o fundador. “Cuja escrita tenha realmente algo para dizer.” Mas também, admite com franqueza, “porque as editoras onde consideraria publicar o meu segundo livro (Sol Invicto) não me deram resposta, foss

O Portugal pós-pimba de João Não & Lil Noon, Pedro Mafama ou José Pinhal Post-Mortem Experience

O Portugal pós-pimba de João Não & Lil Noon, Pedro Mafama ou José Pinhal Post-Mortem Experience

Durante anos, o pimba foi ignorado pelos principais meios de comunicação nacionais, apesar do sucesso comercial de que gozou este género (se é que lhe podemos chamar isso), sobretudo nos anos 80 e 90. Desde o início da década passada, contudo, começou a assistir-se a uma reavaliação destas músicas. Primeiro, e timidamente, através de projectos como Deixem o Pimba em Paz, com Bruno Nogueira e Manuela Azevedo (Clã) a cantarem canções que todos conheciam, com as mesmas letras, mas vestidas com roupagens e adornadas por arranjos aburguesados; ou com uma postura meio irónica, ainda que aberta à experimentação, como os TOCHAPESTANA. Depois, e sem pruridos, em momentos pontuais dos sets de DJs ligados à Príncipe e à Cafetra, ou nos concertos da José Pinhal Post-Mortem Experience. Hoje, está a ser adoptado e reimaginado diante dos nossos olhos e ouvidos por artistas de diferentes classes sociais, mas mais ou menos as mesmas idades, como João Não & Lil Noon, Mike El Nite, Pedro Mafama e muitos outros. Antes que alguém diga que “o pimba só existe a partir de 1995, que é quando o Emanuel edita o disco e a canção que lhe dão o nome”, convém reconhecer que a maior parte das vozes sonantes a que o rótulo é colado já se escutavam e tinham carreiras estabelecidas muito antes. Quim Barreiros vive da música desde a década de 1970 e chegou a gravar com José Afonso; José Malhoa editou pela mesma Orfeu em que Zeca, Adriano Correia de Oliveira e tantos outros gravaram discos fulcrais, na viragem d

Os Veenho começam a apresentar ‘Lofizera’. E estamos aqui para eles

Os Veenho começam a apresentar ‘Lofizera’. E estamos aqui para eles

Desde os primeiros dois EPs, VEENHO e VEEENHO, a lembrar o WAVVES e o WAVVVES de Wavves, que os Veenho prometiam. Primeiro com Filipe Sambado na produção e depois com Gonçalo Formiga, dos Cave Story, fizeram discos de indie rock de baixa definição com tudo no sítio. Mas isso foi em 2017. Depois, o silêncio. Houve um par de singles em 2020, na mesma onda, mas mais amadurecidos, e mais silêncio. Até que, no início deste ano, celebraram a "maré alta", há nem um mês cantaram sobre "passar mal", e agora dão-nos o primeiro álbum, intitulado apenas Lofizera. Vamos escalpelar o nome do disco: Lofizera. Ouvimos a frase pela primeira vez numa das canções do segundo e melhor EP de 2017, a "Cerveja Lofizera" ("Depressão matinal/ Tenho saudades da Galera/ Que nunca morra este sol/ Nem a cerveja lofizera"). A palavra na altura não dizia grande coisa. Sim, remetia para o som lo-fi do disco, mas que raio vinha a ser uma "cerveja lofizera"? Ainda hoje não o sabemos. No título do novo disco, porém? Faz todo o sentido. Não deixa dúvidas. Isto é lofizera portuguesa pura e dura, o tipo de coisa que até há uns dias não sabíamos que existia. Sim, já ouvimos o disco. A data de lançamento ainda não está fechada – ou pelo menos não se conhecia na madrugada desta quinta-feira – mas quem já o escutou sabe que vem aí coisa boa. E a partir das 18.00 de quinta-feira, 1 de Junho, toda a gente vai poder ouvir Lofizera no COSMOS, em Campolide, rodeada pela banda e os fiéis do seu culto. Um culto que inclui, p

A Lisa não quer ser só uma sala de concertos, quer “retratar a cidade”

A Lisa não quer ser só uma sala de concertos, quer “retratar a cidade”

Joaquim Quadros tem 35 anos, mas já teve muitas vidas. Conhecemo-lo na Vodafone.fm, onde durante anos a sua voz nos acompanhou ao longo da tarde e foi autor de rubricas e programas como A Próxima Grande Cena ou o Ginga Beat, desenvolvido em parceria com a Red Bull. Mais tarde, fez o agenciamento de Luís Severo e trabalhou com a Cuca Monga, seus amigos de longa data. Também dinamizou as festas Ouro / Bravo, com Vicente Futscher e Afonso Gomes. Desde 2021, porém, é antes de tudo um dos responsáveis pelo Vago, o bar mais concorrido e na moda de Lisboa. A partir desta semana passa a ser também um dos donos da Lisa, a sala-irmã do Vago, que quer apostar na música ao vivo. Encontramo-nos com ele e três dos seus sócios para falar da Lisa, no entanto é impossível não começarmos por falar sobre o Vago, o projecto a que Joaquim, os colombianos Felipe e Alejandro Steiner e o brasileiro Luiz Gabriel Vieira decidiram dedicar-se ainda em 2019 – há mais sócios, mas preferem não aparecer. Os quatro conheceram-se naturalmente, em viagens e através de amigos em comum, e perceberam desde cedo que partilhavam múltiplos interesses. Felipe, por exemplo, era fascinado pelos listening bars japoneses, sítios com boa música e melhores sistemas de som, onde dava para beber um copo com todos os preceitos. E Luiz era um dos sócios do Caracol, um listening bar de São Paulo que acabou por ser uma referência para o Vago. O próprio Joaquim já estava a par dessa tendência e familiarizado com o Brilliant Corne

O terraço do Lux volta a ser palco de concertos gratuitos durante o Verão

O terraço do Lux volta a ser palco de concertos gratuitos durante o Verão

Nos últimos anos, assim que se sente o calor, o Lux abre pontualmente as portas do terraço para concertos grátis nos fins de tarde. No ano passado, desfilaram por lá artistas como Filipe Sambado, João Não & Lil Noon, Mirror People, Soluna, Herlander ou Amaura, entre outros, e este ano o alinhamento do ciclo Até Há Vista, que arranca nesta quinta-feira, 25, também foi escolhido a dedo. O programa começa quinta, a partir das 18.00, com um DJ set de Indi Mateta a que se segue um concerto de A Garota Não, interventiva cantora e compositora que combina, nas suas canções, folk anglo-saxónica, música popular portuguesa e dos países lusófonos, mas também electrónica e qualquer coisa de hip-hop. Já começa a dar que falar, mas o seu nome ainda se vai ouvir mais no futuro. É garantido. A tarde termina e a noite começa com Rai, o patrão do Incógnito, na cabine. O terraço volta a dar música a todos em Junho. No dia 15, depois do set de Renato Cruz Santos e antes de Shrumate meter as mãos nos pratos, actuam David & Miguel, ou seja David Bruno e Mike El Nite armados em cantores românticos de antanho. Mais tarde, a 29, é a vez de B Fachada, na boa o mais importante cantor e compositor português das últimas décadas, encher o terraço. Antes e depois, Anya e Lizatron metem música. Cheguem cedo, porque não vai haver espaço para todos. Nos meses de Julho e Agosto, os nomes são menos conhecidos, mas não faz mal. A 20 de Julho toca a teclista, cantora e compositora Margarida Campelo, qu